Construção é um disco do cantor e compositor brasileiro Chico Buarque, lançado em 1971 e composto em períodos entre o exílio de Chico na Itália e sua volta ao Brasil. Liricamente, o álbum é carregado de críticas ao regime militar vigente,
principalmente no que concerne à censura imposta pelo governo
("Cordão") e pelo estado indigno no qual as condições individuais se
encontravam no país ("Construção"), além de algumas canções mais
clássicas e pessoais ("Valsinha" e "Minha História (Gesú Bambino)").
O disco marca o aguçamento da vertente crítica da poética do autor.
Se antes ele harmonizava Bossa Nova
com composições veladamente críticas à ditadura brasileira, em
"Construção" o cantor mostrou-se mais ousado - como indica os versos
iniciais de "Deus lhe Pague", faixa que abre o LP ("Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir"). Em "Samba de Orly", parceria com Toquinho e Vinicius de Moraes, Chico canta abertamente sobre o exílio - o que fez com que a canção fosse parcialmente censurada. A faixa-título
é uma crítica sobre um homem que trabalhou arduamente até sua morte.
Não faltaram também o lirismo característico do artista, como demostrado
em "Olha Maria" e "Valsinha".
O álbum conta com arranjos de Magro, então integrante do grupo MPB-4, e do maestro Rogério Duprat.
Construção teve grande sucesso comercial. Nas primeiras
semanas após seu lançamento, o LP chegou a ter uma demanda de 10.000
discos por dia, o que levo
u a Philips
a contratar duas gravadoras concorrentes para prensá-los, além de
obrigar o trabalho em turnos de 24 horas por dia durante quase dois
meses.
Até então, a gravadora nunca havia vendido tantos discos em tão pouco tempo - 140 mil cópias nas primeiras quatro semanas.
Construção foi considerado um marco na música brasileira e na carreira do cantor. Em 1972, uma reportagem da revista revista Realidade
elogiava o álbum, considerado "o melhor disco feito nos últimos vinte
anos no Brasil", que "devolvia a Chico o sucesso de 'A Banda'" e o
colocava como "nosso artista mais importante, na luta que se travava
contra o 'som importado'".
Na década de 2000, o LP foi eleito em uma lista da versão brasilieira da revista Rolling Stone como o terceiro melhor disco brasileiro de todos os tempos.
O álbum também se encontra no livro "1001 Discos Para Ouvir Antes de
Morrer", feito por jornalistas e críticos de música internacionalmente
reconhecidos.
Em setembro de 2012, foi eleito pelo público da Rádio Eldorado FM, do portal Estadao.com e do Caderno C2+Música (estes dois últimos pertencentes ao jornal O Estado de S. Paulo) como o sexto melhor disco brasileiro da história.
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